Espetáculo O Desmonte conta término de relacionamento homoafetivo e fala de solidão

Espetáculo O Desmonte conta término de relacionamento homoafetivo e fala de solidão

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O Desmonte, espetáculo solo concebido por Amarildo Felix e Vitor Placca, traz à cena o término de uma relação amorosa vivenciado por um homem que acaba por isolar-se dos amigos e do mundo. A ação dramática é desencadeada pela aparição de um rato no apartamento, de onde partirá uma busca incessante pelo roedor e que abrirá o caminho para outras camadas desse sujeito. Essa circunstância mistura-se ao conflito interno do personagem que se encontra de luto pelo recente término de sua relação e, assim, o rato adquire máscara alegórica oferecendo suporte à eloquência das palavras. O humano se reencontrará no animalesco, como a forma possível de alteridade.

Dessa maneira, “O Desmonte” revela tensão entre os conflitos do indivíduo e o mundo fora, de maneira a questionar e trazer à luz traços de uma sociabilidade desgastada e corrosiva, lançando olhar também ao painel político no qual tudo está inserido. A dramaturgia conecta a micro-política das relações com aspectos de sua macro correspondência como exercício de auto reconhecimento, o que a torna, em alguma medida, uma parábola melancólica.

A partida do outro e o rompimento amoroso põem abaixo a ordem das coisas, antes muito bem estabelecidas na vida a dois. A visão descortina-se ao passo que o corpo do outro não é mais pertencimento e propriedade; o amor romântico, símbolo da sensibilidade burguesa, esvazia-se e cede lugar ao ser político, afetado pelo espírito do tempo. “O Rato”, “O Homem” e “As Coisas Absurdas” – títulos episódicos da peça – misturam-se em atmosfera apocalíptica, que dá o tom das palavras.

A peça propõe uma relação intimista com o público. Assim, busca outras camadas de percepção que se sobrepõem à significação mental quando estabelece maior proximidade física com a plateia; a própria fisiologia do corpo presente pela respiração, suor, movimentos musculares, espasmos, olhar criam um espaço de intensa dinâmica de convivência energética para além de seus signos. O Desmonte também se apresenta como um experimento multimídia e confere à linguagem audiovisual um papel no jogo de gesto e texto, configurando-se como mais um disparador da ação da cena.

 

Serviço

O Desmonte

Sábados às 21h / Domingos às 19h

Teatro pequeno Ato (ao lado do Teatro Arena) – Rua Doutor Teodoro Baima, 78 – República.

Ingressos aqui

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