Peça “Diga que Você já me Esqueceu” discute a safadeza que existe em todos nós

Peça “Diga que Você já me Esqueceu” discute a safadeza que existe em todos nós

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Com inspiração no universo do dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) e no movimento expressionista, a peça “Diga que Você já me Esqueceu”, que tem texto e direção de Dan Rosseto pinta com muita tinta, insanidade e verdades cruas, realidades sobre os famigerados “cidadão de bem” e “família tradicional” expondo seus segredos mais escusos durante uma cerimônia de casamento.

O Hornet falou com o elenco sobre homossexualidade, machismo, patriarcado, feminismo e representatividade. Confira trechos da entrevista com os atores Ana Clara Rotta, Daniel Morozetti, Carol Hubner, Juan Manuel Tellategui, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi, Nalin Júnior e Pablo Diego:

 

“Esse texto é freudiano, tem uma pulsão sexual que faz as pessoas tirarem as máscaras. É uma mãe que tem algo pelo filho, é a prima que gosta da outra, é o cara que não comeu a namorada… quando vi esse texto eu pensei que legal falar dessas pulsões sexuais de uma forma poética… e claro de safadeza, com safadeza, mostrando isso de forma aberta”, disse Marjorie Gerardi.

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“Eu gosto da palavra safadeza, mas ela é um termo de algo que você precisa fazer escondido dos outros, você pode ser safado, mas ninguém pode saber. Essa peça é como se você tirasse a roupa na frente das pessoas e ficasse vulnerável… essa é uma peça sem vergonha”, disse Pablo Diego.

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“A abordagem da peça trabalha as camadas inconscientes da representação do sexo. O machista quer meter, a mãe quer proteger, a irmã tem tesão pelo irmão, tem muita tensão sexual e as camadas são expostas à medida que as máscaras caem”, ressalta Daniel Morozetti.

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“A sociedade espera que você faça algo, mas não é o desejo do ser. Os desejos gerais são desejo coletivo, mas em relação à sexualidade é tudo velado. Enquanto atriz, eu me questiono sobre de que forma minha personalidade foi construída. Quem me vê acredita que eu seja uma certa pessoa, mas o que se passa na minha cabeça, seja safadeza ou um recato, só eu posso ou preciso expor. Isso sim, me empodera enquanto mulher, o direito de ser ou poder baixar essas máscaras que são resultado do consciente coletivo e não da pessoa individual”, sobre as análises freudianas de Carol Hubner.

“Dentro do teatro a gente pode brincar de ser outras pessoas, pode e deve. Quando recebi o convite para fazer uma personagem feminina, o desafio era interpretar outro gênero, não era uma mulher trans, mas uma mulher. Eu, enquanto ator, posso e devo encarar esse papel e minha maior preocupação era trabalhar com sentimentos sinceros e verdadeiros. Sobre a incorporação de pessoas trans no mercado de atuação para interpretar personagens trans, eu sou completamente a favor, a gente precisa entender que a diversidade sexual faz parte do nosso cotidiano e isso predisa estar em todos os âmbitos sociais”, sobre ser ator e a representatividade, Juan Manuel Tellategui.

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“É mais aceitável esse lugar do homem com sua sexualidade, as discussões estão ampliando e desconstruindo a coisa do homem ter que ser homem, ter que meter, transar, enfim, mas parece que caminhamos para um equilíbrio de sexo e gênero e está abrandando a máscara masculina, machista”, sobre sua personagem disse Nalin Júnior.

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“Duas mulheres em uma relação serão sempre atacadas pelos homens, duas mulheres juntas são sempre desacreditadas porque o homem acha que ali sempre falta alguma coisa, excita ele, mas ele não enxerga realidade, que um homem resolveria o ‘problema’ delas. O homem gay, mesmo sendo gay, ainda é mais aceito em sua condição homossexual, porque ele se protege”, Ana Clara Rotta sobre sua personagem.

A peça prende a cada quadro, revela pouco a pouco as personagens que se envolvem umas com as outras sem a menor procrastinação, é o desejo falando mais alto e a negação de questões sexuais que são jogadas ao público não apenas para pensar, mas para chocar. Vale a pena pela entrega, pela leitura social, pela luz, figurino, cenário, vale a pena só por nos fazer pensar em quem nós somos na rua e em quem nós somos dentro de casa.

Confira o convite do elenco para os usuários Hornet, inclusive para tomar uma cerveja (adoramos):

SERVIÇO:

LOCAL: Teatro Viradalata (Rua Apinajés 1387, Sumaré), 270 lugares. Acesso à deficiente.

DATA: 31/03 até 27/05 (Sábado 21h30 e Domingo 19h)

INGRESSOS: R$ 60,00 (Inteira). Aceita cartões.

USUÁRIOS HORNET PAGAM MEIA MOSTRANDO O APP NA BILHETERIA

INFORMAÇÕES: (11) 3868 2535

DURAÇÃO: 105 min

CLASSIFICAÇÃO: 14 anos

 

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